Conferência Arab-Maghreb Dilemas da Humanidade
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Movimentos populares, partidos e organizações sociais da região árabe-magrebina organizaram uma bem-sucedida Conferência Regional sobre Dilemas da Humanidade, realizada de 1 a 4 de setembro em Túnis, na Tunísia. A atividade reuniu uma centena de ativistas, líderes políticos e intelectuais de 52 organizações políticas e populares de 12 países - Tunísia, Egito, Marrocos, Palestina, Iêmen, Líbano, Síria, Jordânia, Saara Ocidental, Iraque, Kuwait e Mauritânia.
Durante os quatro dias de conferência, os principais tópicos discutidos foram: a luta pela libertação da juventude; a defesa do meio ambiente, a soberania alimentar e o direito à terra; a luta pela libertação das mulheres; a organização da classe trabalhadora; o confronto com o sionismo e a antinormalização; a luta contra a repressão política e a luta por direitos e liberdades.
Essas questões foram discutidas em grupos de trabalho e discussão, nos quais vários países e organizações tiveram a oportunidade de apresentar situações atuais, analisá-las e propor ações. Os consensos formulados foram a pedra angular para o início do trabalho participativo com as diversas organizações presentes na conferência e entre aquelas que não puderam comparecer aos debates por diversos motivos, como as limitações ao trânsito de pessoas entre os países da região.

O trabalho nessas comissões também foi importante para tratar de questões que afetam direta e gravemente a vida das pessoas em toda a região árabe-magrebina.
Uma das questões centrais é a soberania alimentar e o direito à terra, um problema que tem causado a deterioração das condições de vida das pessoas. Isso se deve principalmente à tendência dos países de abandonar a satisfação de suas necessidades básicas e de desenvolver políticas cada vez mais subservientes em relação aos países que dominam a produção de alimentos. Uma das consequências dessas políticas é a marginalização dos agricultores. Em resposta a isso, é necessário que as organizações populares tomem novas medidas para promover a soberania alimentar em cada nação e, ao mesmo tempo, lutem para disponibilizar a terra para aqueles que trabalham nela.
As discussões em grupo também foram uma oportunidade de criar laços e abordar muitos dos problemas comuns em um ambiente cordial e unido. Isso se refletiu nas conclusões, que chegaram a definições que buscam ter um forte impacto na política regional, especialmente aquelas relacionadas à libertação de prisioneiros políticos e prisioneiros de consciência. Nesse sentido, estão trabalhando na criação de um comitê conjunto que inclua várias organizações e associações que trabalham com questões de direitos e liberdades. Além disso, planejam desenvolver trabalhos para tratar da normalização das relações com o regime sionista, que vem experimentando uma expansão crescente na região.
Outras áreas de trabalho foram propostas durante a Conferência Arab-Maghreb Dilemas da Humanidade, incluindo a organização da juventude, especialmente porque a região está testemunhando um aumento no desemprego entre os jovens. Outro eixo é a organização das mulheres, devido à escalada da violência e da exclusão baseadas no gênero, e da classe trabalhadora, como resposta à exploração exercida pelas empresas multinacionais e seu impacto negativo sobre as condições de vida dos trabalhadores.

As conclusões finais do encontro demonstraram um importante avanço na articulação e integração das organizações populares da região e foi mais uma oportunidade de debate coletivo. Isso se manifestou por meio da construção de uma perspectiva internacional que busca promover as lutas e propostas dos povos árabes e magrebinos para a Conferência Internacional Dilemas da Humanidade, que será realizada de 14 a 18 de outubro na África do Sul.